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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Assédio moral

Assédio moral é ponto de negociação: Compromete a dignidade e causa danos psíquicos que podem estar vinculados às políticas neoliberais.


Tratar mal um empregado ou um grupo de empregados, humilhá-lo na frente de outras pessoas, de maneira sistemática e intencional forçá-lo a pedir sua demissão, fazer com que essa atitude se prolongue por dias ou meses na jornada de trabalho, chegando a ofender ou a degradar as condições de trabalho, isso é assédio moral.


Essa violência é um fenômeno internacional, que ocorre em diversos países desenvolvidos. Há pesquisas que vem sendo feitas, por organismos do trabalho, que apontam esses distúrbios da saúde mental como estando relacionados com as condições de trabalho, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego e, até mesmo, a morte.


Gostaria que fosse diferente, mas no mundo onde a competitividade é palavra de ordem, associadas às metas quase impossíveis, nos indicam perspectivas sombrias para as próximas décadas. Um dos sintomas iniciais é o estresse, que se desenvolve para as angústias e depressões. Há quem chame esse fenômeno laboral do “mal estar da globalização”.


As condições de trabalho são aviltadas com a conduta negativa do superior imediato, em relação aos seus subordinados. São atos de perseguição, preconceito, menosprezo ou de fazer comentários jocosos, sobre a capacidade ou a habilidade do empregado, que podem dar início a esse danoso hábito de assédio.


A vítima ou as vítimas chegam a ser isoladas do grupo, são desprezadas, hostilizadas, ridicularizadas, rebaixadas, inferiorizadas, submetidas a situações vexatórias ou ultrajadas pelos outros.


A instalação desses mecanismos danosos nem sempre se dá de forma clara e objetiva, isso é direta. Pode se iniciar com uma perseguição silenciosa que se transforma em algo concreto. Como por exemplo, começa-se com uma brincadeira de mau gosto, com uma piadinha fora de hora ou por uma disputa interna, pode se instalar um assédio declarado.


Com medo de ficar desempregada a pessoa suporta ser considerada culpada ou desacreditada dos outros colegas. É vista como alguém fora do grupo. Esses estímulos à competição rompem os laços de amizade, tolerância, fraternidade que devem existir no ambiente de trabalho. Criam-se núcleos de pseudo-excelência.


A vítima perde sua auto-estima, pois se sente um ninguém, um inútil. Sendo assim, diria que as novas políticas de gestão na organização do trabalho, que estão vinculadas às políticas neoliberais, podem geram danos psíquicos irreparáveis.


Na greve dos bancários, iniciada nessa semana, um dos pontos reivindicados, além da remuneração, o assédio moral e das metas abusivas são dois deles. Não estou defendendo a greve, mas a valorização do ser humano nas empresas.


Há muitos projetos de lei em diferentes municípios do país que condenam essa prática, sendo que no âmbito federal há propostas de alterações no Código Penal. O cuidado que o legislador deve observar é não engessar as atividades da organização.


Aos bons administradores devem cuidar na hora de aplicar as doses de cobrança, com metas factíveis e com programas de desenvolvimento organizacional compatíveis com sua realidade, sempre tendo em foco conhecer melhor as pessoas. O comportamento acirrado requer a integração dos empregados, promovida com bons programas de treinamento e aconselhamento interno.


Fonte: Empresas e Negócios, por Mario Enzio (*), 04.10.2010

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